By Antonio Nóbrega | 16 janeiro 2017 | Sem Comentários
Curso Na Rima é uma das novidades do Instituto Brincante para 2017 – espaço completa 25 anos em nova sede, construída com apoio de financiamento coletivo
O Instituto Brincante está com as matrículas abertas para os cursos de 2017 e entre as novidades está a oficina Na Rima, ministrada por Antonio Nóbrega. No curso, o artista apresenta as diversas possibilidades e a trajetória de formação da poesia popular brasileira.
Nóbrega pretende desenvolver e incentivar a prática da criação em poesia com fins artísticos e educativos. As manifestações da cultura popular brasileira e a linguagem lúdica são usadas como base para a criação. Os participantes terão a oportunidade de entrar em contato com processos para melodizar versos, escrever cordeis, improvisar emboladas, repentes em quadras, sextilhas, décimas e galopes.
O artista trabalha as variadas formas e modalidades dessa linguagem, tanto no campo teórico quanto no prático, com foco na poesia escrita e na improvisada. Com isso, além de conhecer e praticar técnicas de improvisação poética, os estudantes terão a possibilidade de desenvolver a memória poética e rítmica, praticar processos de memorização e cognição via poesia e explorar a natureza da língua portuguesa.
PROGRAMAÇÃO 2017: INSTITUTO BRINCANTE
Em nova sede – no número 412 da mesma rua Purpurina na Vila Madalena – O Instituto Brincante se prepara para comemorar 25 anos e reforça a vocação para a valorização da cultura brasileira em geral e a popular em particular.
Os cursos do Brincante contemplam quatro campos artístico-culturais: Dança, Música, Arte-educação e Literatura Brasileira (poesia popular). Para 2017, permanecem as atividades habituais da casa como Danças Populares Brasileiras, Danças Afro-brasileiras, Frevo e Capoeira, Pandeiro, Percussão Brasileira, Música Corporal, Histórias de Boca, Brincante para Educadores e Brincantinho. Há também novidades: Na Rima – Criação em poesia popular, ministrada por Antonio Nóbrega, Improvisação em Dança Brasileira, com Maria Eugenia Almeida, Tambores de Mão, com Matheus Prado, Formação de Novos Brincantes (duração de dois anos), com Antonio Meira e Matheus Prado e Estudos da Cultura e Música Tradicional da Infância, com Lucilene Silva.
Ao longo das mais de duas décadas de atuação, o Brincante tornou-se referência na formação de arte-educadores. Com tradição em cursos que têm como base a pesquisa aprofundada, o instituto tem tido um papel relevante na capacitação de profissionais que buscam assimilar novos repertórios de material simbólico – cantos, danças, brincadeiras, etc. – e processos educativos filtrados do mundo popular.
Além de atrair profissionais da educação, o espaço é dedicado a artistas e interessados em conhecer e praticar as mais diversas manifestações populares brasileiras no campo da dança, da música, da literatura, entre outras. A ampliação da consciência cultural e social define a missão do Brincante e coloca os participantes frente a uma renovada de interpretação do cotidiano.
SERVIÇO:
Na Rima – Oficina de Poesia Popular Brasileira
Data: 06/03 à 26/06 (16 encontros, às segundas-feiras)
Horário: das 19h30 às 22h
Período total de horas-aula: 40
Instituto Brincante – matrículas para cursos 2017
De 16 a 20/01/2017 a taxa de matrícula estará com 50% de desconto
Instruções para matrículas online: http://www.institutobrincante.org.br/
Dúvidas: contato@institutobrincante.org.br ou (11) 3816-0575
Matrículas presenciais:
Rua Purpurina, 412 – Vila Madalena – São Paulo | 05435-030 – SP
Horário de Atendimento: segunda a sexta, das 9h às 13h e das 14h às 18h
By Antonio Nóbrega | 6 abril 2016 | Sem Comentários
Sambada comandada pelo artista é parte da programação da Virada da Saúde São Paulo
Já conhecida do público que acompanha as atividades do Instituto Brincante e a carreira de Antonio Nóbrega, a familiar e prazerosa sambada será apresentada especialmente para o público da Virada da Saúde São Paulo no domingo (10/04). A apresentação começa às 16 horas no Parque Villa Lobos. Nóbrega lavará ao palco um misto de apresentação e roda de dança. Acompanhado por músicos e bailarinos, o artista vai apresentar músicas referenciadas nos ritmos brasileiros.
Durante a apresentação Nóbrega, os bailarinos e músicos convidam o público para participar de uma grande roda de dança. O objetivo é motivar a movimentação do corpo usando as danças populares do Brasil. A rítmica presente nessas manifestações traz possibilidades benéficas ao corpo, mas ao mesmo tempo não perde de vista o caráter de brincadeira e festa.
SOBRE A VIRADA DA SAÚDE
Em comemoração ao Dia Mundial da Saúde (07/04) a Secretaria Municipal da Saúde realiza a segunda edição da Virada da Saúde, em parceria com o Instituto Saúde e Sustentabilidade. O evento acontece de 3 a 10 de abril com a ideia de aproximar os cidadãos do tema de forma diferenciada, inovadora e lúdica. As atividades da Virada da Saúde acontecerão em quatro eixos de atuação: Cultural, Médico-Assistencial, Bem-Estar e Educação. Clique aqui para mais informações.
SOBRE ANTONIO NÓBREGA
Nascido em Recife, começou a estudar violino aos 8 anos. Em 1971, Ariano Suassuna convidou-o para integrar o Quinteto Armorial. A partir daí, passou a estudar o universo da cultura popular e a criar espetáculos de teatro, dança e música nela referenciados. Entre eles: Brincante, Segundas Histórias, O Marco do Meio Dia, Figural, Na Pancada do Ganzá, Madeira Que Cupim Não Rói, Pernambuco Falando para o Mundo, Lunário Perpétuo, Nove de Frevereiro, Naturalmente, Húmus, entre outros. Recebeu diversos prêmios, entre eles o Shell de Teatro, o Tim de Música, APCA, Mambembe, Conrado Wessel, Governador do Estado de São Paulo.
Com seus espetáculos, o artista tem viajado pelo Brasil e outros países. Recebeu duas vezes a Comenda do Mérito Cultural. Tem 12 CDs gravados e três DVDs. Em novembro de 1992, fundou com Rosane Almeida – atriz, bailarina e sua esposa – o Instituto Brincante, em São Paulo. Em 2014, o cineasta Walter Carvalho realizou o longa-metragem Brincante, dedicado à sua trajetória artística.
SERVIÇO:
Sambada com Antonio Nóbrega na Virada da Saúde
Data: 10/04/2019
Horário: 16h
Local: Parque Villa Lobos, Av. Prof. Fonseca Rodrigues, 2001, São Paulo
IMPRENSA:
PRISCILA COTTA
priscila.cotta@agenciafervo.com.br
NARA LACERDA
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f e r v o – comunicação, conteúdo & relacionamento
By Antonio Nóbrega | 11 novembro 2014 | Sem Comentários
O multiartista Antonio Nóbrega, acompanhado de quarteto, realizou na noite de segunda-feira, dia 10/11, uma espécie de “show de bolso” para os presentes à cerimônia em que mais tarde foram revelados os vencedores do Prêmio São Paulo de Literatura 2014, no Museu da Língua Portuguesa, na capital paulista. A apresentação surpresa foi um convite da organização do evento.
Nóbrega entrou no palco ao violino tocando “Ponteio acutilado”, primeira composição sua para o Quinteto Armorial, grupo que integrou na década de 1970 a convite do escritor Ariano Suassuna, falecido em julho deste ano. “É um prazer estar aqui nesta festa dedicada à literatura, e para a qual escolhi apresentar canções do meu repertório que conversam com esse universo”, disse Nóbrega.
Nessa toada, o público apreciou não só o cantor-compositor como também o dançarino e instrumentista versátil. As canções apresentadas foram: “A filha do imperador do Brasil”, versão musicada de Nóbrega para o romance tradicional recriado por Suassuna; “Canudos”, com base no clássico de Euclides da Cunha; e “Romance de Riobaldo e Diadorim”, inspirado em “Grande sertão: veredas”, de Guimarães Rosa. Ainda fizeram parte do show as composições “O rei e o palhaço”, “Fervo” e “Galo de ouro”.
A premiação escolheu os melhores romances em língua portuguesa em todo o país publicados em 2013. Ana Luísa Escorel ganhou na categoria Melhor Livro do Ano com “Anel de vidro” (Editora Ouro Sobre Azul). Veronica Stigger venceu com “Opisanie swiata” (Cosac Naify) na categoria Melhores Livros do Ano – Autores Estreantes com mais de 40 anos, e Marcos Peres, na categoria Melhores Livros do Ano – Autores Estreantes com menos de 40 anos, com “O evangelho segundo Hitler” (Record).
FOTO: Edson Lopes Jr
By Antonio Nóbrega | 5 dezembro 2013 | Sem Comentários
Guardo boas lembranças do mês que passamos em Verscio: do pão matinal da pousada onde ficamos; das peras, ameixas e figos que, dependurados dos galhos que ficavam para fora das cercas e muros das casas, impedíamos que apodrecessem…; dos encontros entre alunos aos domingos à tarde após a exaustiva semana de práticas; dos espetáculos de Dimitri e da Companhia Dimitri; das boas conversas com Alessandro Marchetti, amigo e mestre-professor de Commedia dell’arte.
A rotina diária começava cedo pela manhã e era marcada por aulas e treinos de acrobacia, malabares e funambulismo (andar no arame) e pela montagem de uma obra de Goldoni à maneira da Commedia dell’arte. A Escola contava com bem equipadas salas de treinamento, dois teatros, um agradável refeitório, uma biblioteca, uma videoteca e salas administrativas. Hoje também abriga um “Museu da Palhaçaria”. Fundada por Dimitri e sua mulher Gunda, era a única em toda a região do Ticino.
O que mais me seduzira em Dimitri como artista, fora a sua versatilidade e o modo como soubera canalizá-la para a arte da Palhaçaria. Era mímico – estudara pantomima com Marcel Marceau – cantava e tocava instrumentos de corda e de sopro – clarinetes e saxofones de todos os tamanhos – fazia o que queria no arame e era um excelente acrobata. Na ocasião rodava pelo mundo apresentando três espetáculos que criara e que continuavam em repertório. Três solos através dos quais despejara, em boa medida, muito do que queria dizer pela arte do palhaço. Como conseguira organizar, dar unidade e sentido a todas aquelas habilidades? Essa era a grande pergunta que eu me fazia e que, no fundo, fora a razão pela qual eu tinha inventado aquela jornada até Verscio.
Não foi muito tempo depois que vim perceber que duas grandes forças se aliavam para que ele pudesse realizar aquela façanha: a sua capacidade e engenhosidade criadora e a vigorosa tradição cultural do cômico europeu. Fora dentro dessa tradição cultural, povoada de personagens da Commedia dell’arte, palhaços da comédia circense e mímicos da pantomima teatral e do cinema mudo da primeira metade do século XX, onde o gênio inventivo de Dimitri pode encontrar a matéria-prima através da qual pode construir as esquetes, cenas, entrechos e procedimentos teatrais que inundavam os seus espetáculos.
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Aquela passagem pela Escola e Teatro Dimitri fazia ressurgir em mim um mundo de questões: onde estaria o meu/nosso chão cultural coletivo? De que estaria constituída a nossa brasileira argamassa cultural? Qual a consciência que tínhamos de nossa cultura? Sabemos que não somos, nem cultural nem etnicamente, genuínos ocidentais. Sabemos que índios, negros e ibérico-mediterrâneos – nunca é pouco lembrar – colaboraram fundamentalmente na “substanciação” do nosso massapê étnico-cultural. Mas como trazer essa compreensão à consciência do brasileiro com a força que – penso eu – se faz necessária? Percebi que, embora o meu campo de batalha continuasse sendo o da realização artística, essas perguntas iriam sempre fazer parte do meu itinerário intelectual e que eu sempre me sentiria instigado a tentar respondê-las. A “jornada” Dimitri agudizara a minha percepção do problema cultural brasileiro e me incentivava a levar adiante questões que só com o tempo eu poderia responder.
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Quando deixamos a Escola e Teatro Dimitri nos primeiros dia de agosto, após um mês de rica experiência humana e artística, não sabíamos que seis anos depois algumas daquelas questões estaríamos tentando responder com o espetáculo Brincante.