Nascimento do Brincante I – Chegada em SP

By Antonio Nóbrega | 30 novembro 2012 | Sem Comentários

Há vinte anos atrás criamos eu e Rosane o Brincante. O que é hoje o Instituto Brincante – batizado inicialmente com o nome de Teatro e Escola Brincante – nasceu das primeiras apresentações dadas aqui em São Paulo do espetáculo que resolvemos chamar de…Brincante. Estávamos precisamente em novembro de 1992. No começo do ano o espetáculo tinha sido estreado no 1º Festival de Teatro de Curitiba. Como encontramos dificuldades em encontrar aqui em São Paulo um teatro que se dispusesse a nos acolher nos fins de semana, encasquetamos com a ideia de fundar o nosso próprio teatro. Foi assim mesmo, tão simples como estou narrando. Morávamos perto da Vila Madalena e foi por lá que iniciamos a nossa procura. Não me recordo que tenha sido difícil encontrar o imóvel que viria se transformar na nossa segunda casa paulistana. Não tão fácil, todavia, foi transformar aqueles dois velhos e arruinados galpões em um teatro e numa sala de aula sem ter nenhum capital e com uma força de trabalho inicialmente constituída de dois adultos e duas crianças… Mais isso é uma outra história.
Mas de onde vem esse nome brincante?
Essa é uma palavra que nos é muito preciosa. Não só pela carga afetiva que nos traz mas também devido à sua riqueza semântica. Com efeito, brincante é a maneira mais comum com que são conhecidas e chamadas em muitas regiões do Brasil, notadamente no Nordeste, aquelas pessoas por nós denominadas de artistas populares. Essa palavra é uma espécie de arcaísmo ainda presente em nosso português popular brasileiro que, como facilmente se deduz, vem do verbo brincar significando no Brasil oficial, digamos, unicamente aquela atividade lúdica exercida pelas crianças. No universo da linha de tempo cultural popular, todavia, brincar significa mais do que isso. Significa atuar, representar, dançar mas num sentido que nós já perdemos. É representar, dançar, etc. tanto para divertir-se quanto para entreter os demais. Na verdade, é uma espécie de divertir-se brincando com os outros. Ao que nós denominamos de espetáculo, os brincantes preferem chamar de Brincadeira ou Brinquedo. Ou seja, a brincadeira popular é o território onde se exerce o espírito lúdico, cuja definição dada pelo Johan Huizinga no seu fundamental livro Homo Ludens, casa à medida. Está lá escrito o seguinte: “o jogo – que traduzo por brincadeira – é uma ocupação voluntária, exercida dentro de certos limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de entusiasmo e de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana”. É ou não é a própria definição da brincadeira popular?
Mas bem, dei início a esse texto pensando em falar sobre o nascimento do espetáculo Brincante e terminei por enredar-me na história da palavra. Como não quero cansá-los, vou deixar a continuação desse assunto para a próxima conversa. De qualquer forma, deixo a todos o meu brincanteabracito.
Inté.





Olhem eu aqui de novo!

By Antonio Nóbrega | 15 outubro 2012 | Sem Comentários

Amigos.
Estou de site novo. Acho que desde 2010 ando desiteado…
Ao relançá-lo estou também prometendo a mim mesmo, dessa vez, dar-lhe um pouquinho mais de atenção. Pelo menos para honrar o trabalho desse pessoal nos trinques que o colocou no ar: o Tales que o programou, o Gabriel, meu filho (aquele que um dia tocava bateria e pandeiro nos meus shows e espetáculos…) que criou a sua identidade-designer e a Juliana que vai me ajudar a mantê-lo atualizado e divulgar um pouco das minhas atividades artísticas.
Na verdade, os sites me parecem belos murais onde podemos colar um pouco de tudo. No meu caso ele é uma espécie de mural-feira-do-mangaio: nele vocês irão encontrar textos informativos sobre os meus espetáculos de música, de teatro e de dança; músicas dos meus cds e dvds; galeria de fotos e de vídeos; o que ando artisticamente fazendo; e até site dentro do site que é o tal do hotsite, no caso, o da “companhia antonio nobrega de dança” que criei. É muita coisa para caber em tão diminuto artefato que cada vez fica menor… Quando penso no tempo dos meus quinze anos em Recife, a grande revolução naquela época era termos telefone em casa…Na verdade, hoje em dia, o computador é uma grande engenhoca-reunião de várias pequenas máquinas: telefone, filmadora, máquina de datilografia, gravador, calculadora, etc. Eu quando comunico-me, via escaipe, com minha filha Maria Eugênia, que foi dar um pulinho ali em Cochin (será que é a abreviatura de Cochinchina?) na Índia para estudar a dança Kathakali, utilizo-me de três dos seus recursos: nos vemos, nos falamos, e quando ela me fala algum estranho, por exemplo, o do seu mestre de dança, peço-lhe para que o escreva no pé da página do escaipe. O serviço é completo!
Falando de computador, relembro-me de uma sextilha do grande poeta pernambucano Oliveira de Panelas a ele dedicado. Penso que ela é a sua mais original definição. Reparem:

“Quem fez o computador,
tinha bom conhecimento.
Composto por três palavras,
com-puta-dor, belo invento,
se faz de preposição,
meretriz e sofrimento.

É ou não é? Bem, gente amiga, está dado, como se diz por aí, o pontapé inicial do meu novíssimo site. Espero que eu consiga fazer a bola bem rolar…
Abraços