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Homenageado do Carnaval de Recife de 2014

By Antonio Nóbrega | 1 janeiro 2014 |


Depois de dois anos sem participar do carnaval pernambucano, o músico e artista Antonio Nóbrega volta como o homenageado do carnaval de Recife, sua cidade, de 2014. O anúncio foi feito em uma coletiva de imprensa pelo prefeito da cidade, Geraldo Julio.

“Fico muito honrado com a homenagem e vejo nela uma forma de representar  o frevo no carnaval de Recife esse ano. É um prazer estar perto dessa importante festa da minha terra. E recebo também a homenagem como um sinal de reconhecimento ao meu trabalho de artista”, diz Antônio Nóbrega.

Nos shows que fará nos dias de carnaval ele pretende não só apresentar as músicas que marcaram sua presença no carnaval recifense como homenagear músicos e compositores pernambucanos que se foram em 2013 e com os quais tinha uma grande afinidade como Dominguinhos e o Maestro Zé Menezes. Além disso, Nóbrega quer prestar um tributo a Luiz Gonzaga e ao compositor  Dorival Caymmi, cujo centenário de nascimento se comemora agora em 2014.

Nóbrega ficou os últimos dois anos afastado do carnaval para se dedicar a vários projetos de dança como os espetáculos “Naturalmente” e  “Humus” e a criação de sua Cia Antonio Nóbrega de Dança. Foram anos também dedicados à realização do filme “Brincante”, que será lançado esse ano. O carnaval de 2014 será, portanto, uma espécie de portal para a sua volta aos palcos como músico – um músico que, além de cantar e tocar, dança e brinca com a plateia.

 

Nóbrega e o Frevo

O carnaval de Recife 2014 vai homenagear Antonio Nóbrega e o frevo. “Fiquei satisfeitíssimo com essa dobradinha porque dividirei a homenagem com todos aqueles que construíram ao longo do último século o frevo em todas as suas formas. O frevo é uma entidade cultural que foi criada coletivamente. De certa forma, vou representar essa imensa legião de compositores, músicos, cantores, dançarinos, etc. que o construiram”, diz Nóbrega.

Nascido no carnaval de Recife no fim do século XIX, frevo é mais que música e dança. É uma verdadeira entidade cultural cujo dinamismo pode transcender a esfera da festa carnavalesca.

“A meu ver, o frevo ainda está muito resguardado. É preciso seguir trabalhando para que seu alcance como gênero que transcenda o território particular da festa do carnaval se amplie. Essa compreensão passa pelo modo de se criar frevos e de se pensar a dança dessa manifestação, o Passo do frevo. Creio que o frevo instrumental, ou de rua, foi o que mais transcendeu os limites regionais da festa. Não só compositores ligados à festa carnavalesca têm escrito frevos-de-rua. Egberto Gismonti e Hermeto, entre outros, escreveram frevos instrumentais em algum momento de suas carreiras”, diz Nóbrega. “Eu mesmo, como violinista, me permitam a vaidade, acho que também fiz algumas contribuições em relação a essa modalidade de frevo”.

Foi através do escritor Ariano Suassuna, na década de 70, que o multiartista conheceu o frevo. No Quinteto Armorial, deu início a uma longa viagem de aprendizado dos cantos, danças, toques instrumentais e modos de representar de diversas manifestações populares, entre elas o frevo. “Não existe praticamente show ou espetáculo meu em que não cante, toque ou dance frevo. Ele marca, inspira e alicerça todo o meu trabalho de músico, dançarino e cançonetista”, explica Nóbrega.

Embora ainda exista muito a ser feito para que o frevo ganhe a visibilidade que merece, esse é, sem dúvida, um momento muito importante para o gênero. Recentemente, ele entrou para a lista de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO e foi reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural e Imaterial brasileiro. E, no próximo dia do frevo, 09/02, será inaugurado o Paço do Frevo, em Recife. Nesse mesmo dia, a prefeitura da cidade irá lançar o CD do Festival do Frevo, além de fazer essa recém-anunciada homenagem a Nóbrega como representante do frevo no carnaval de 2014.

 

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