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A melancolia que pode nos animar

By Antonio Nóbrega | 13 julho 2014 | Sem Comentários


As nossas sucessivas derrotas nos jogos da Copa – como coroação de sua desastrada preparação e campanha – está oferecendo ao país, a nós brasileiros, a rica oportunidade de refletirmos sobre que tipo de nação queremos continuar construindo. O nosso futebol reflete à medida o nosso processo de desorientação interna – cultural, sobretudo: não jogamos um futebol nem pragmático, técnico, “simétrico” e muito menos um outro festivo, firulado, gingado, “curvilíneo”. E esse não é um problema só do futebol; o jogo, a brincadeira do futebol, é apenas a representação em microcosmo – ou macrocosmo? – dessa questão maior: o que somos e o que queremos ser?

A minha resposta é que precisamos urgentemente congraçar essas duas categorias de procedimentos – unidas no atual momento de nossa história de modo completamente desordenado, quase caótico – e que só conseguiremos “ser” realmente, quando conseguirmos construir em nós – e em consequência no país – um lugar onde essas duas instâncias não se oponham, mas pelo contrário, se complementem, se confraternizem, se “respirem”, harmoniosamente, em plenitude. Essa má campanha da Copa, e as consequentes derrotas, estão nos oferecendo, com a dor do espírito e da carne, a oportunidade de refletirmos à exaustão sobre aquilo que queremos para nós.

A nossa “empreitada” é áspera, tão áspera quanto seria para qualquer nação que se preze e que queira dar o ar de sua graça no melhor de si mesma. Que essa melancolia nos anime. Que ela nos ajude “planejar” uma utopia realizável: a de conjugarmos beleza e verdade, poesia e trabalho, ginga e determinação. O nosso naufrágio na Copa nos dá de bandeja essa oportunidade de pensar e agir. Benvinda melancolia.