Espetáculo
2008

Em “Passo”, Antonio Nóbrega debruça-se sobre a questão: o que as danças têm de comum e o que têm de diferente? E responde unindo o que aprendeu — com o passista Nascimento do Passo, o mestre de Reisado Aldenir, o folgazão Salustiano, o puxante de cabocolinho Paulinho e tantos outros mestres e artistas populares — com o que observou e estudou sobre o “funcionamento” da dança clássica europeia, da dança contemporânea, do teatro-dança balinês, do kabuki, dentre outras linguagens.

A ideia de dança brasileira com a qual o multiartista mais se identifica é a que tem sua razão principal de ser na reinterpretação de passos, gestual, gingados, procedimentos coreográficos, material mítico e simbólico presentes em inúmeras danças populares brasileiras — tais como Frevo, Cabocolinho, Maracatu, Cavalo Marinho, Moçambique, Capoeira, entre várias outras.

O espetáculo, assim, é norteado pelo entendimento de que cada uma dessas manifestações é o resultado do intercruzamento de antiquíssimas heranças culturais (ibéricas, africanas, indígenas), que há mais de meio século vem ocorrendo no Brasill. E é esse casamento que tem ajudado Nóbrega a ir no encalço de uma dança brasileira contemporânea, aberta para o mundo, mas principalmente aberta para si mesma.