Cultura popular e educação: Antonio Nóbrega em palestra na Unesp

By Antonio Nóbrega | 31 maio 2016 | Sem Comentários

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O artista Antonio Nóbrega é uma das atrações da XX Semana de Estudos Pedagógicos, que acontece no Campus da Unesp de Bauru. A semana é organizada pelo Centro Acadêmico Paulo Freire. Com o tema Um despertar para a educação que humaniza, o evento se propõe a discutir as possibilidades de uma educação que vá além da sala de aula e dos conteúdos formais.

Antonio Nóbrega vai apresentar uma viagem pelo mundo da cultura popular brasileira. O artista vai tratar das características, valores e procedimentos tratados nessa cultura. A intenção é, além de apontar caminhos de diálogo entre a arte popular e a arte contemporânea, sugerir alternativas e modos de utilização e convergência com a educação. Uma maneira de despertar um estado de transformação constante e presente – objetivo maior da XX Semana.

A apresentação de Nóbrega está marcada para sexta-feira, três de junho, a partir das 19h. Para participar é preciso se inscrever pelo link http://bit.ly/1sXyJ4s. Inscrições no local do evento serão aceitas de acordo com a lotação do espaço.

SERVIÇO

XX Semana de Estudos Pedagógicos

Data: de 30/05 a 04/06

Local: Unesp Universidade Estadual Paulista -Júlio de Mesquita Filho. Av. Eng. Luís Edmundo Carrijo Coube (Ver no mapa)

Programação completa: http://bit.ly/25xLMax





A água e a boca do vulcão

By Antonio Nóbrega | 5 fevereiro 2015 | Sem Comentários

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Abri a porta do box para tomar banho e me pus de pé dentro de uma bacia colocada bem embaixo do chuveiro. Abri a torneira e à medida que a água começou a me molhar fui logo xampuando os cabelos. Fechei o chuveiro e ensaboei-me todo. Abri novamente a torneira e enquanto a água escorria pelo corpo e cabeleira (…) retirando a espuma, aproveitei ainda para sabonetar o rosto…

Quando terminei toda a operação vi que a água acumulada na bacia já dava pelo começo da canela e que supriria por duas ou três vezes a demanda de água para usar na privada.

E fui me enxugando pensando-perguntando: se fôssemos educados  dentro dessa atitude desde o dia em que tomamos banho pela primeira vez, se aprendêssemos desde muito cedo que os “dons” da natureza não são  infinitos e que nascemos para viver gregariamente, não nos pouparíamos, nós a nós mesmos, do vexame que passaremos em breve, ainda nós, os moradores da cafeinada  cidade de São Paulo?

Tenho para mim que o caso da água é só mais um sinal de alerta sobre quão perdulária é a nossa maneira de conviver com natureza. Não creio que estejamos usando da melhor maneira possível os recursos de nossa inteligência, pois, ao que parece, inflacionamos desmesuradamente a nossa porção cerebral impulsionadora de atitudes e atos inconsequentes, excessivamente individualistas, estúpidos. No caso da água, é bem verdade que o nosso governador não deveria ter sido tão omisso e incivil.  Desmereceu a sua função de guardião do estado e da sua gente. Mas não creio que seja unicamente pela via política que a questão pode ser resolvida.

A questão em jogo é muito maior. É um problema de natureza também conjuntural. Um problema do sistema-mundo em que vivemos. Estamos nos educando muito insatisfatoriamente para o exercício da vida em comum! A educação tal como é modernamente concebida não parece querer levar em conta certos aspectos. Falta-nos dar um sentido maior e integral  à palavra educação. Caminhamos bem no quesito educação formal. De uma forma ou de outra – aqui, acolá – ela tem prosperado: aprendemos matemática, geografia, tocar um instrumento musical, a nadar, a passar no vestibular, etc. Mas…

Estou pensando numa educação que, embora converse com essa, a ultrapasse, a transcenda.  Estou pensando numa educação cultural, humanística mesmo, aquela que leve em conta valores, visão de mundo, sentimento gregário, planetização, etc., aquela que nos ajude a ampliar, abrir as nossas consciências face aos problemas que, não nos iludamos, se não soubermos tratar, nos levarão à ruína… Estou pensando numa educação que nos faça compreender que somos todos parceiros de uma mesma jornada planetária e que se não nos irmanarmos nessa jornada única – tão bela quanto árdua – estaremos fadados a sermos puxados, irremediavelmente sem retorno e remissão, para dentro da boca do vulcão…Pois estamos ao seu redor…

O mundo tal como o conhecemos está desmoronando. Que mundo queremos e podemos (re)construir? Que outra escala de valores teremos de assentar nessa diferente Escola-mundo que almejamos? Que novos exercícios de humanidade teremos de nos impor?

Eram essas as questões que me invadiam enquanto tomava meu banho matinal com menos de um quinto da água que habitualmente utilizava…